As paisagens mineiras sempre chamaram a atenção de viajantes, artistas e escritores. No primeiro momento, o encanto era proporcionado pela exuberância da natureza, intocada e repleta de mistérios. Inúmeras obras literárias, históricas e artísticas foram produzidas, fixando uma memória da paisagem mineira plena de peculiaridades, capazes de se distinguir dos outros estados brasileiros.

Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, a paisagem sofreu transformações tanto do ponto de vista dos recursos naturais como na construção das primeiras vilas, que se transformariam nas cidades que hoje conhecemos. Apesar da valorização dos capítulos literários ou históricos, a produção em artes visuais a partir do século XX foi aos poucos colocada à prova, sendo chamada pejorativamente de “acadêmica”, sem originalidade.

A partir dos anos 1940, com a chegada de Alberto da Veiga Guignard a Belo Horizonte e Ouro Preto, o artista fluminense passa a ser considerado o que melhor interpretou as paisagens mineiras. Cabe destacar que muitas das obras de Guignard, tão valorizadas em Minas Gerais e em outros estados, em grande parte destacam aspectos específicos da nossa paisagem, mas representam, também, uma visão universal que poderia ser transportada para outras cidades, outras paisagens, outros modos de sentir.

Nos últimos anos, novos olhares foram lançados visando aprofundar o estudo da produção artística do início do século XX, recuperando a trajetória de artistas que tiveram uma capacidade interpretativa de grande destaque. Nosso desejo não é de desconsiderar o papel de Guignard na construção de uma visão arquetípica das paisagens mineiras, mas o de demonstrar como inúmeros artistas foram motivados pelo mesmo tema e produziram resultados diversos.

As obras de arte selecionadas para esta exposição foram agrupadas pelo tema da Paisagem, sendo subdividida em Cidades e Monumentos Históricos e Representação da Natureza. O conjunto de obras é composto pelos artistas Delio Delpino, Lucilio de Albuquerque, Edgard Parreiras, Godofredo Guedes, Paulo Cláudio Rossi Osir, Aníbal Mattos, Mick Carnicelli, Nazareno Altavilla, Luiz Signorelli, Rodolfo Weigel, C. B. Goes, Aristides Agretti, Frederico Bracher Jr., José Wasth Rodrigues, Edesio Esteves, José Silveira D’Avilla, Genesco Murta, Bonifacio, Renato de Lima, José Marques Campão, Funchal Garcia, Orozio Belém, Belmiro Frieiro e Edgard Walter. São estes os artistas que revelaram com primazia a paisagem mineira.

A Exposição Minas, paisagem revelada é uma grande oportunidade para mostrar nomes que foram esquecidos pela historiografia artística. A ideia de reunir quadros de três colecionadores para esta exposição, Fabiano Lopes de Paula, Ricardo Giannetti e Rodrigo Vivas, demonstra o fato destas obras, em certo momento, terem despertado em diferentes pessoas a importância de sua aquisição, para integrarem suas coleções particulares. O olhar do sensível de cada um dos colecionadores, ao cruzar com as pinturas que nesta oportunidade são apresentadas foi capaz de identificar, com uma certa recorrência, sua importância, quer pela própria obra em si, quer pela paisagem representada ou pela assinatura do artista. Portanto, essa rica reunião de obras assume um caráter original desde sua concepção. Também oferece uma faustosa incursão pela paisagem mineira de outrora, ao selecionar, nesta união, imagens de um passado eternizadas pelo gesto de seus artistas.

O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, em ação cultural conjunta com a Mostra Modernos Eternos – BH Edição 2023, oportunamente apresenta esta interessante reunião de obras que revelam Minas, pelo olhar da obra de arte. As obras ficaram expostas de 20 de junho a 30 de julho, com entrada gratuita.

Ações Culturais

3. TALKS MODERNOS ETERNOS | HISTÓRIA, CULTURA, PRESERVAÇÃO, INCLUSÃO E URBANIDADE EM DIÁLOGO

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