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SALA DE COSTURA

Ariê Fernanda Caldas

A Escola Afonso Pena é minha velha conhecida. Durante muitos anos, foi ali que votei — e sempre a percebi como escola. Ao ser convidada a participar da mostra Modernos Eternos, revisitei o prédio e, pela primeira vez, não o vi como instituição de ensino, mas como casa. Fiquei impressionada com a grandiosidade do espaço, recordando que fora construído para acolher uma única família. Mas como eram numerosas as famílias de então! Maria Guilhermina e Affonso tiveram doze filhos. Esse pensamento me levou direto à minha avó, que aprendeu a costurar ainda menina. Ela contava que mães com muitos filhos compravam peças inteiras de tecido. E as costureiras — como ela, sua mãe e sua irmã — criavam vestimentas para as crianças, quase sempre idênticas. Imaginei, então, que naquela casa não teria sido diferente. Certamente havia um cômodo dedicado à confecção, ao ajuste e ao cuidado com as roupas. Cresci cercada por tecidos, linhas, tesouras, máquinas de costura e revistas de moda — visualizar uma sala assim foi algo imediato e carregado de afeto. Para compor esse ambiente, reuni objetos que narram a trajetória das mulheres da minha família — seus fios, seus bordados, suas tramas. Com eles, presto homenagem as mulheres que, ao longo da história, protegeram nossos corpos com agulhas afiadas e gestos de ternura, costurando não apenas roupas, mas memórias.


Parceiros:

A. de Arte

Amém Casa

Botteh Tapetes

Galeria Murilo Castro

Tom sobre Tom

Grupo TST - Jader Almeida

Sebrae Minas

Ariê - Fernanda Caldas

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